O dinheiro está muito presente na vida das pessoas. Ainda assim, este é um assunto pouco frequente nas conversas do dia a dia. Então, que tal aproveitar essa época de retrospectivas para lembrar de alguns fatos que mexeram (bastante) no bolso dos brasileiros em 2021 e trazer as finanças para o centro das conversas?
Assim, você já aproveita para se munir de assuntos para as festas de fim de ano – e, quando vierem com aquelas perguntas inconvenientes, você já responde logo com outra pergunta do tipo "mas e a Selic em 2021, em?".
1. A taxa de juros que subiu, e subiu, e subiu de novo
Na retrospectiva de 2020, um dos tópicos foi a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, que caiu até a mínima histórica de 2%. Mas a economia dá suas voltas e, um ano depois, cataploft: a taxa de juros atingiu um patamar que não era visto desde setembro de 2017, de 9,25% ao ano.
E, se em 2020 foi queda atrás de queda, em 2021 foi alta em cima de alta. O ano começou com a Selic em 2% e foram sete altas consecutivas, incluindo uma de 1,5 ponto percentual em outubro.
Para você ter uma ideia de como isso foi significativo, foi a maior subida em 18 anos – e, em dezembro, isso se repetiu.
E por que a Selic subiu tanto neste ano?
Basicamente, para tentar conter a escalada dos preços de diversos itens essenciais na vida dos brasileiros, como comida, combustível, gás e energia.
Funciona assim: ao aumentar a taxa de juros, o Banco Central tem a intenção de conter a inflação. A tendência é que os empréstimos fiquem mais caros e o consumo diminua.
É a boa e velha lei da oferta e da demanda: com menos consumo, os preços tendem a diminuir a médio e longo prazo. Pelo menos é o que se espera que aconteça.
Além disso, analistas apontam que os ajustes na Selic também refletem uma forma de controlar o cenário chamado de estagflação. Isso acontece quando a inflação continua subindo mesmo com a aplicação de medidas para contê-la, somado a uma estagnação econômica.
O Brasil chegou bem perto da estagflação em 2021, por isso é importante acompanhar a economia em 2022 para ver como essa história continua.
2. O auxílio emergencial foi renovado para mais uma temporada
Com a chegada da pandemia em 2020, o auxílio emergencial veio para ajudar as pessoas mais pobres, desempregados e trabalhadores informais que tiveram a renda duramente afetada. E, com o vírus seguindo firme e forte por aí, sem dar sinal de que iria embora em 2021, o benefício foi prorrogado em março deste ano.
No início, seriam mais quatro parcelas com valores entre R$ 150 e R$ 375, dependendo da composição familiar. Em julho, o auxílio foi prorrogado por mais três meses, chegando a um total de sete parcelas pagas até outubro de 2021.
E, com o fim do auxílio emergencial, chegou o Auxílio Brasil, o novo programa social que substitui o Bolsa Família. Ele é destinado a famílias em situação de pobreza (com renda mensal por pessoa de até R$ 200) ou extrema pobreza (com renda mensal por pessoa de até R$ 100) com gestantes ou crianças e jovens de até 21 anos incompletos.
O Auxílio Brasil, que concentra três formatos de benefícios básicos e seis benefícios acessórios que podem complementar o valor recebido, começou a ser pago em novembro, mas ainda existem algumas dúvidas sobre como o programa vai funcionar na prática no ano que vem.
3. O bitcoin teve mais reviravoltas que novela mexicana
Sabe aquela série que mal dá para acompanhar de tantas reviravoltas e revelações? Pois foi assim com o bitcoin em 2021.
Para dar um exemplo: em abril, o preço de um único bitcoin chegou a quase US$ 65 mil. Dois meses depois, a criptomoeda caiu para menos da metade desse valor. E, alguns meses depois, bateu seu preço recorde, valendo mais de US$ 68 mil.
Consegue visualizar esse gráfico? É um dos investimentos mais voláteis por aí. Quem tinha dinheiro investido em bitcoin neste ano precisou de coração forte para aguentar a variação.
E são tantos altos e baixos que só esse causo rendeu um conteúdo completo. Mas um dos pontos para entender é que o bitcoin não é só um simples investimento, ele tem um quê de fenômeno cultural.
Por isso, o mercado acaba reagindo de forma muito brusca sempre que aparece alguma notícia ou rumor envolvendo ele. Um tweet de um bilionário aqui, uma especulação ali e a movimentação corre solta.
4. A Bolsa bateu novo recorde de investidores
Com as quedas progressivas da Selic até o fim do ano passado, investimentos mais seguros, como Tesouro Direto e CDBs, se tornaram menos atrativos. Em busca de melhores retornos, então, muitos investidores toparam correr mais riscos e entraram na Bolsa de Valores. E, mesmo com as altas dos últimos meses, o movimento seguiu.
O resultado? Em outubro de 2021, a B3, a Bolsa de Valores brasileira, bateu a marca histórica de 4 milhões de contas de pessoas físicas em renda variável (com a proporção de mulheres investidoras também chegando à máxima histórica de 29% do total).
Segundo a B3, o número de investidores em ações cresceu 26% entre setembro de 2020 e setembro de 2021. Cresceram os investidores de fundos de investimento imobiliários, de fundos de índices, como os ETFs, e também de BDRs – cujo número aumentou mais de 14 vezes no período.
Além disso, o Ibovespa, o principal indicador de desempenho das ações negociadas na B3, bateu seis recordes em 2021 e atingiu o patamar de 130.776 pontos em junho.
Mas, como esse é um mercado volátil, o índice já variou bastante desde então com o contexto econômico e político brasileiro. Por isso, antes de investir na bolsa, é importante estudar bem esse tipo de investimento, tá bom?
5. A inflação que subiu e impactou milhões de brasileiros
Este ano definitivamente não foi fácil para a maioria dos brasileiros. Enquanto a pandemia continuou impactando a renda de milhões de pessoas ao longo do ano, o preço de produtos e serviços essenciais não parou de subir – e a inflação disparou.
Em novembro de 2021, por exemplo, a gasolina e a energia elétrica ficaram entre os itens que mais puxaram o índice de preços para cima. E sete das nove categorias de produtos e serviços analisados subiram em relação a outubro.
Tudo isso vai se refletir na inflação somada de todos os meses deste ano. No final de novembro, um relatório do Banco Central apontou que o mercado financeiro projeta um índice de 10,12% para 2021.
Se isso realmente acontecer, vai ser a primeira vez desde 2015 em que a inflação atinge o patamar dos dois dígitos.
E você percebe isso no seu bolso. Afinal, a inflação faz com que seu dinheiro perca valor, já que muitas vezes ele não acompanha as altas nos preços. Se seu salário continua igual e o preço dos produtos aumenta, você consegue comprar menos itens com a mesma quantia. Um baita problema que atrapalha muito a vida, principalmente das pessoas que têm a renda mais baixa.
E o que esperar de 2022?
A economia é viva, por isso não dá para dizer exatamente o que vai acontecer no ano que vem. Mas, infelizmente, as expectativas não são muito boas.
O mercado financeiro vem revisando para baixo a projeção do PIB, o Produto Interno Bruto, para o ano que vem, o que significa um crescimento mais tímido da economia brasileira.
O Ministério da Economia projeta um crescimento de 2% para 2022, enquanto o mercado prevê um crescimento de 0,51%. Este é praticamente um cenário de estagnação, quando a economia fica mais ou menos do mesmo jeito que está, sem evoluir muito.
A inflação e os juros devem continuar altos, impactando a vida dos brasileiros. E alguns analistas apontam um possível crescimento do desemprego em 2022.
Vale dizer que tudo isso é previsão – pode ou não acontecer. Mas é importante já ir se preparando e organizando as finanças para mais um ano desafiador. Se quiser algumas dicas, os conteúdos abaixo podem te ajudar:
- 6 decisões financeiras para não deixar para amanhã
- Finanças pessoais: aprenda em 5 passos rápidos como começar a se organizar
- Orçamento familiar simples: como montar o seu
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